• Hino à dor

    Hino à dor

     

    Dor, saúde dos seres que se fanam,

    Riqueza da alma, psíquico tesouro,

    Alegria das glândulas do choro

    De onde todas as lágrimas emanam..

     

    És suprema! Os meus átomos se ufanam

    De pertencer-te, oh! Dor, ancoradouro

    Dos desgraçados, sol do cérebro, ouro

    De que as próprias desgraças se engalanam!

     

    Sou teu amante! Ardo em teu corpo abstrato.

    Com os corpúsculos mágicos do tato

    Prendo a orquestra de chamas que executas...

     

    E, assim, sem convulsão que me alvorece,

    Minha maior ventura é estar de posse

    De tuas claridades absolutas!

     

     

    Augusto dos Anjos

     


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