• Cecilia Meirelles

    Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no bairro da

    TijucaRio de Janeiro, em 7 de novembro de 1901, filha dos

    açorianos  Carlos Alberto de Carvalho Meireles, um funcionário de

    banco e Matilde Benevides Meireles, uma professora. Cecília

    Meireles foi filha órfã criada por sua avó açoriana, D. Jacinta

    Garcia Benevides, natural da ilha de São Miguel. Aos nove anos,

    ela começou a escrever poesia. Frequentou a Escola Normal no

    Rio de Janeiro, entre os anos de 1913 e 1916 e estudou línguas,

    literaturamúsicafolclore e teoria educacional.

     

     

     

    Em 1919, aos dezoito anos de idade, Cecília

    Meireles publicou seu primeiro livro de poesias,

    Espectros, um conjunto de sonetos simbolistas

     

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    Despedida

     

    Por mim, e por vós, e por mais aquilo

    que está onde as outras coisas nunca estão,

    deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:

    quero solidão.

     

    Meu caminho é sem marcos nem paisagens.

    E como o conheces? - me perguntarão.

    - Por não ter palavras, por não ter imagens.

    Nenhum inimigo e nenhum irmão.

     

    Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.

    Viajo sozinha com o meu coração.

    Não ando perdida, mas desencontrada.

    Levo o meu rumo na minha mão.

     

    A memória voou da minha fronte.

    Voou meu amor, minha imaginação...

    Talvez eu morra antes do horizonte.

    Memória, amor e o resto onde estarão?

     

    Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.

    (Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!

    Estandarte triste de uma estranha guerra...)

     

    Quero solidão.

     

    Cecília Meireles


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    Motivo

     

    Eu canto porque o instante existe

    e a minha vida está completa.

    Não sou alegre nem sou triste:

    sou poeta.

     

    Irmão das coisas fugidias,

    não sinto gozo nem tormento.

    Atravesso noites e dias

    no vento.

     

    Se desmorono ou se edifico,

    se permaneço ou me desfaço,

    — não sei, não sei. Não sei se fico

    ou passo.

     

    Sei que canto. E a canção é tudo.

    Tem sangue eterno a asa ritmada.

    E um dia sei que estarei mudo:

    — mais nada.

     

    Cecília Meireles

     


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    PERGUNTO-TE ONDE SE ACHA A MINHA VIDA

    Pergunto-te onde se acha a minha vida.
    Em que dia fui eu. Que hora existiu formada
    de uma verdade minha bem possuída

    Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada.

    E a quem é que pergunto? Em quem penso, iludida
    por esperanças hereditárias? E de cada
    pergunta minha vai nascendo a sombra imensa
    que envolve a posição dos olhos de quem pensa.

    Já não sei mais a diferença
    de ti, de mim, da coisa perguntada,
    do silêncio da coisa irrespondida.

    Cecília Meireles


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  • Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.

    Cecília Meireles


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    Ainda que sendo tarde e em vão,
    perguntarei por que motivo
    tudo quando eu quis de mais vivo
    tinha por cima escrito: "Não"

    Cecília Meireles


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