-
Cecilia Meirelles
Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no bairro da
Tijuca, Rio de Janeiro, em 7 de novembro de 1901, filha dos
açorianos Carlos Alberto de Carvalho Meireles, um funcionário de
banco e Matilde Benevides Meireles, uma professora. Cecília
Meireles foi filha órfã criada por sua avó açoriana, D. Jacinta
Garcia Benevides, natural da ilha de São Miguel. Aos nove anos,
ela começou a escrever poesia. Frequentou a Escola Normal no
Rio de Janeiro, entre os anos de 1913 e 1916 e estudou línguas,
literatura, música, folclore e teoria educacional.
Em 1919, aos dezoito anos de idade, Cecília
Meireles publicou seu primeiro livro de poesias,
Espectros, um conjunto de sonetos simbolistas
-
Par Livita le 28 Avril 2015 à 20:59
Despedida
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.
Cecília Meireles
votre commentaire -
Par Livita le 28 Avril 2015 à 20:52
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles
votre commentaire -
Par Livita le 26 Mars 2015 à 02:20
PERGUNTO-TE ONDE SE ACHA A MINHA VIDA
Pergunto-te onde se acha a minha vida.
Em que dia fui eu. Que hora existiu formada
de uma verdade minha bem possuída
Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada.
E a quem é que pergunto? Em quem penso, iludida
por esperanças hereditárias? E de cada
pergunta minha vai nascendo a sombra imensa
que envolve a posição dos olhos de quem pensa.
Já não sei mais a diferença
de ti, de mim, da coisa perguntada,
do silêncio da coisa irrespondida.Cecília Meireles
2 commentaires -
Par Livita le 26 Mars 2015 à 02:13
Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.
Cecília Meireles
votre commentaire -
Par Livita le 26 Mars 2015 à 02:04
Ainda que sendo tarde e em vão,
perguntarei por que motivo
tudo quando eu quis de mais vivo
tinha por cima escrito: "Não"
votre commentaire
Suivre le flux RSS des articles de cette rubrique
Suivre le flux RSS des commentaires de cette rubrique